quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Festa da firma

Juliana não gostava muito do clima de fim de ano, achava as músicas natalinas todas insuportáveis, a decoração brega, amigo oculto chato, comidas muito calóricas... Mas principalmente ela detestava as festas de final de ano da firma.
É bem verdade que já havia alguns anos que ela conseguia evitar esse evento com as mais variadas desculpas: em um ano havia viajado para visitar uma avó em Minas, que nunca tinha existido, sua família era mesmo toda do Rio; em outro ano tinha ficado muito doente por causa da alergia, que ela mesma havia causado comendo camarão em excesso; teve a vez em que ela tinha terminado com o namorado e estava muito triste para comemorações, quando na verdade estava com ele no motel.
Mas naquele ano, a data chegou sem que Juliana tivesse conseguido criar uma desculpa boa a consistente para faltar ao evento tão temido e detestado. Então, naquela sexta-feira quente (isso se 45 graus a sombra for ainda considerado como apenas quente), ela se juntou aos colegas de trabalho para ir até o local da festa, um sítio afastado.
Logo na entrada da van, ao se juntar aos outros passageiros, Juliana já teve um gostinho de como seria o seu dia, todos muito bem arrumados, com direito a uma das moças do RH usando vestido vermelho e gorro de papai-noel. Durante o caminho, o humor de Juliana não melhorou, as músicas tocadas na van, obviamente, eram natalinas (e das mais bregas que poderia ser possível) e com o trânsito, foram necessárias quase duas horas para chegar ao local, uma verdadeira tortura.
Na entrada do sítio, Juliana percebeu que seu humor só ia piorar, a decoração era natalina, com muitas luzes e frufrus vermelhos e dourados. Tinha até mesmo um papai-noel inflável estrategicamente posicionado para ser fotografado.
O bufe também era temático, com peru assado, tender, salada de maionese, bolinhos de bacalhau e com muito pavê e panetone para a sobremesa. Ela queria evitar comidas calóricas, mas a sua última refeição tinha sido uma fruta no escritório (ela estava tentando manter a forma pro verão com uma alimentação saudável e corridas na esteira), mas seu estômago já urrava com a fome de dez mendigos.
Tentou começar pelas frutas, mas elas eram apenas decoração. Comeu então uma salada, mas é claro que as folhas não conseguiram nem tampar o buraco do seu estômago. Foi ai que Juliana percebeu que teria que ceder e ingerir calorias em excesso (correria em dobro na semana que vem). Começou com o bolinho de bacalhau (era delicioso), pegou um pedaço do peru e pra acompanhar a farofa de bacon e a salada de maionese. Repetiu três vezes.
Por causa da gulodice, sentiu a garganta seca e se entregou a uma cidra. Na sobremesa, fez a piada do "é pra ver ou pra comer" enquanto se servia do doce e do panetone. Mais cidra.
Depois de algum tempo, já estava tirando fotos com o papai-noel inflável e usando um gorro vermelho. Se inscreveu no amigo oculto que ia acontecer na firma na semana seguinte e brigou pelos brindes bregas que incluíam pisca-piscas e grinaldas para porta. Na volta pra casa, fez questão de fazer uma quentinha com bolinho de bacalhau e outra com panetone e pavê e ainda cantou Jingle Bells na van.
Na semana seguinte sua baia do escritório era a mais enfeitada de todas, com direito a globos de neve (constantemente agitados) e luzes, já tinha também decorado a ordem das música do CD da Simone que ela tinha comprado nas Lojas Americanas. Naquele ano, ela foi a mais animada do natal da família, com direito a se fantasiar de papai-noel para as crianças.
Anos mais tarde Juliana estava 15 quilos mais gorda (tinha largado a alimentação saudável de lado e se cansava até de andar para a padaria), morando com 3 gatos (chamados Noel, Claus e Rudolph), que usavam gorro de papai-noel e dividiam com ela a ceia da sua época preferida do ano: o natal.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Eu vi - Simplesmente feliz

Nome original: Happy-Go-Lucky
Direção: Mike Leigh
Gênero: Comédia
Ano: 2008
Duração: 118 min
País: Reino Unido

O filme conta a história de Poppy, uma professora primária que é... simplesmente feliz. Otimista ao extremo, Poppy vê a vida somente pelo lado bom (quando, por exemplo, tem sua bicicleta roubada ou quando dá um jeito nas costas) e em tom de brincadeira, o que faz com que as vezes seja até um pouco chatinha e infantil. Seu tom de voz e maneira de falar lembram muitas vezes uma criança, daquelas bem caricatas na infantilidade.
O começo do filme não é muito bom, um tanto cansativo, me deu um pouco de sono. Mas quis insistir, afinal o filme foi um presente e segundo o presenteador a personagem principal o fez lembrar de mim. 

Valeu a pena insistir, o filme ganha um outro ritmo e engrena em uma boa história. Para contrabalancear a meiguice extrema de Poppy, há Scott, o professor de auto-escola da personagem, uma criatura preconceituosa, estranha, impaciente e que dá até medo em vários momentos. Enquanto Poppy é uma professora gentil e preocupada com seus alunos, Scott é um professor sem paciência e que só se importa com o fato de se o aluno vai ou não ser aprovado no exame de direção.
Além de otimista, Poppy também é uma pessoa que gosta de viver o agora, sem pensar demais no futuro. Bem diferente de sua irmã Helen que é um pouco neurótica com controle.
O filme vai se desenrolando nesses opostos, mas também em similaridades. Poppy e sua roommate, Zoe, são muito parecidas, ambas são professoras primárias que preferem viver o agora sem muitas preocupações com o futuro, além de gostarem de beber. O assistente social que se envolve com Poppy também é bem parecido com ela nas brincadeiras e otimismo.
No fim das contas, achei que o filme passa uma mensagem bonita de otimismo. Poppy é um pouco exagerada, não acho que muitas pessoas sejam verdadeiramente como ela (e nem sei se teria paciência para alguém assim), mas a mensagem que ela passa me fez pensar que o otimismo não é ser cego diante de situações complicadas, mas sim encarar os problemas da maneira mais alegre possível. Fiquei até lisonjeada de ser comparada com Poppy (mesmo que tenha achado que seja pelo fato de gostar de bebida).

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Papo de elevador

Desde que se mudara para o novo apartamento, ela desenvolvera um certo medo de encontrar vizinhos no elevador, não que antes ela fosse uma grande fã dos papos que acontecem dentro dos elevadores, mas agora era ainda pior. Talvez fosse porque todos os outros moradores fossem completos desconhecidos, talvez fosse pelo fato de ter trocado o terceiro pelo décimo quinto andar (o que tornava a viagem um tanto quanto mais longa). Mas uma coisa era certa: ela odiava aqueles papos sobre o tempo ou sobre como o vizinho do 704 sempre parava o carro atravessado ou então como o cachorro do 1206 vivia latindo nas horas mais impróprias. 
Por isso, sentiu um leve incomodo ao abrir a porta do elevador naquela manhã de segunda-feira chuvosa (sempre as piores e mais odiadas nos comentários do facebook) e encontrar quatro vizinhos espremidos naquela caixona de metal, todos muito bem arrumados prontos para seus trabalhos bem sucedidos, o que a fez se sentir ainda pior e pensar: devia ter escolhido aquela camisa de botão e acordado um pouco mais cedo pra dar tempo de passar aquele rímel bom que tinha guardado no armário e que, fazia tempos, não usava. "Putz, e ainda vou ter que me apertar aqui com eles e ainda ficar de costas pra todo mundo enquanto falamos sobre como está demorando pra esquentar esse ano", pensou. 
Bom-dias trocados, arruma daqui, arruma dali e todo mundo estava pronto para a viagem pro térreo. Foi quando finalmente chegou aquele momento tão detestado por ela, a hora do papo de elevador. Ela já estava pronta para dar aquelas respostas padrão "É mesmo chata essa chuvinha para começar a semana" ou "Quando o calor vier, vai vir com tudo mesmo".
Ela não estava nem prestando tanta atenção assim, afinal, dar respostas automáticas não demandava lá muita reflexão filosófica quando ouviu "... de Foucault?". "Oi?", perguntou ela, e o vizinho de terno bem cortado, barba bem feita e perfume importado repetiu "O que você acha da figura do panóptipo de Foucault?". Tudo que ela conseguiu foi dizer novamente "Oi?". Por sorte, a vizinha do décimo oitavo de cabelos cacheados bem arrumados como de propaganda de shampoo se adiantou em comentar "Acho interessante e penso que poderíamos fazer uma associação com o conceito deleuziano de sociedade de controle".
Ela começava a se sentir ainda mais desconfortável que o normal, olhou rapidamente o visor do elevador e ele ainda marcava o oitavo andar. Pensou em fingir que usava o celular e começou a catá-lo dentro de sua bolsa pouco organizada, mas não deu muita sorte em encontrá-lo, talvez o tivesse esquecido ligado ao carregador, como acontecia com frequência. 
Nisso, a outra vizinha de cabelos curtos e roupas moderninhas (mas com certeza de lojas bem caras) continuou a discussão "Isso demonstra um grande problema da nossa atual sociedade:a formação do indivíduo mediante os infinitos procedimentos de sujeição.". E então o vizinho do terno bonito se pronunciou novamente "Acho que a constituição social do indivíduo a partir das verdades traz em sua estrutura o jogo de forças do exercício do poder..."
Quando finalmente, para sua sorte, o visor marcou T, o elevador parou e abriu as portas para alívio dela e do outro rapaz de blusa social azul royal que não havia dito uma única palavra e que, assim como ela, devia estar também achando aquilo tudo muito estranho. E enquanto ela pensava ele também devia ter sentido falta dos tradicionais assuntos sobre o tempo ou cachorro escandaloso do vizinho, ele se despede dizendo "Qualquer coisa, se você quiser, posso te emprestar o 'Microfísica do poder'. É só interfonar, 1703. Bom trabalho!"
Foi quando ela decidiu: iria finalmente ligar para aquele anúncio da casa à venda na vila perto do prédio.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Eu vi - Jogos Vorazes - Em chamas

O filme é a sequência do ótimo Jogos Vorazes que conta a história de uma sociedade baseada na exclusão e repressão e que, a cada ano, realiza os jogos vorazes, uma disputa sangrenta da qual somente uma pessoa sai viva. O evento é uma forma de lembrar aos moradores dos 12 distritos que eles devem continuar obedientes e submissos à capital.
No primeiro filme, conhecemos Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) e Peeta Mellark (Josh Hutcherson), os representantes (tributos) do décimo segundo distrito na 74ª edição dos jogos vorazes. No Em chamas continuamos acompanhando a vida dos dois desafortunados tributos no ano que se seguiu a vitória deles nos jogos.
Como uma forma de comemorar os 75 anos de repressão da revolução, os organizadores dos jogos decidem que os antigos vencedores devem voltar a se enfrentar na arena.
Já dá para imaginar como todos encaram esse terror, não é? Nesse novo filme conhecemos novos ótimos personagens e vemos que as atitudes de Katniss no primeiro filme tiveram resultados, os distritos passaram a se rebelar contra a opressão absurda feita pela capital. O filme é teoricamente para jovens, mas eu acho que vale para todos os públicos, é um filme um tanto quanto violento e trata de temas em geral não presentes em histórias infanto-juvenis. Acho bem legal porque pode fazer refletir sobre as desigualdades que já vivemos na nossa sociedade, além de criar também uma reflexão sobre a valorização excessiva da imagem e da exposição.
Considero Em chamas ainda melhor que o primeiro filme, traz uma Katniss ainda mais angustiada com os dilemas que encontra pelo caminho e o final ainda deixa com um gostinho de quero mais ainda maior que no sfim do Jogos Vorazes.
Isso tudo dá pano para a manga para o último filme da ótima trilogia de Suzanne Collins: Esperança.
Eu que não sou nada ansiosa já li o último livro, claro!

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Eu li - A menina que roubava livros

Nome original: The book thief
Autor: Marku Zusak
Número de páginas: 480
Ano de publicação: 2007
Editora: Intrinseca


Eu gosto muito de ler sobre a Segunda Guerra Mundial, por isso, quando vi a temática de A menina que roubava livros logo fiquei com vontade de ler (admito também que me apaixonei pela capa, acho linda!). Quando penso nesse período da história, logo vem a minha cabeça judeus e holocausto. O tema é sim tratado, mas de maneira bem diferente e do ponto de vista dos alemães e a história é contada por nada mais nada menos que a própria morte. 
Ouvi de algumas pessoas que leram o livro que o seu começo é um pouco chato e cansativo, mas não achei isso. Gostei da leitura desde o princípio. Ele conta a história de Liesel Meminger, uma menina que perde o irmão e é obrigada a deixar de viver com a mãe e para ir morar com uma família adotiva. 
Em sua nova casa, ela conhece seu novo pai Hans Hubermann, com quem desenvolve uma linda relação. Nessa mesma época, Liesel conhece seu melhor amigo, Rudy. Existem muitos outros personagens importantes nessa história, como a mãe adotiva da menina, Rosa e a mulher do prefeito. Além é claro, dos livros. Cada um desses tem uma relação especial com Liesel e interpretam um importante papel no desenrolar da história.
A história do livro é surpreendente em diversos momentos, linda e triste também. Um livro que vale a pena ler mesmo se achar o começo cansativo.
Afinal, quando a morte conta uma história, você deve parar para ler.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Ostracismo

No começo, os dois eram apenas bons amigos, com o tempo, tornaram-se inseparáveis e dai para o casamento não demorou muito. Enfim, ficou impossível pensar em um sem lembrar do outro, eram como arroz e feijão, abacaxi e hortelã, alface e tomate, carne seca e abóbora... Inseparáveis e perfeitos em conjunto!
Foi uma época de ouro para os dois! Sempre eram convidados para os melhores eventos e festas da alta sociedade, e estavam presentes nos jantares mais finos da cidade. Todos comentavam como eram feitos um para o outro e como se portavam bem diante da alta sociedade.
Toda essa fama durou algum tempo e eles aproveitarem bem. Mas não demorou muito para que eles começassem a cansar os chiques, eles então passaram a ser vistos em jantares não tão nobres assim e em companhias não tão refinadas. Logo passaram a ser menos exclusivos e até não eram mais tão bem vindos nas rodinhas mais exclusivas da cidade.
Eles tentaram carreira solo para ver se melhoravam a imagem, mas não não surtiu muito efeito, a ideia deles juntos já é forte demais. Parece que o ostracismo é mesmo o futuro deles ou, pior, a orkutização dessa dupla que já foi tão bem quista entre os mais finos.
Até porque, mesmo eu e você já demos de cara com Rúcula e Tomate Seco por ai.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Eu vi - Um dia desses

Nome original: Any day now
Direção: Travis Fine
Gênero: Drama
Ano: 2012
Duração: 98 min
País: EUA

O filme se passa nos anos 70 e conta a história do casal Rudy Donatello, que trabalha como dragqueen em uma boate gay  e Paul Fliger, um advogado que ainda está "dentro do armário". Juntos eles tentam adotar Marco, um adolescente com síndrome de down que foi negligenciado pela mãe drogada e que acaba indo presa. Mas, como era de se esperar, encontram muitas barreiras por causa da "natureza de seu relacionamento".
Rudy (Alan Cumming em ótima interpretação) e Marco são vizinhos e se conhecem quando a mãe do adolescente vai pra cadeia e deixa o garoto largado à sua própria sorte. Vendo a situação, Rudy resolve procurar Paul (que conheceu na noite anterior na boate onde trabalha) para que ele o ajude com o menino. A partir dai, o filme se desenrola mostrando como a sociedade podia (e pode) ser dura com os homossexuais. Apesar de toda a dureza da história, o filme é de uma delicadeza ímpar. Basta dizer que me emocionei só de ver o Marco usando uma camisa furada.
O filme é lindo, mostra o que já devia ser de conhecimento de todos: família é amor e não uma estrutura rígida e ultrapassada. Recomendo a todos que tenham o mínimo de sensibilidade. Lindo, lindo, lindo! O filme está em cartaz no Festival do Rio e acredito que entre em circuito depois.



quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Eu li - A insustentável leveza do ser

Nome original: Nesnesitelná Lekkost Bytí
Autor: Milan Kundera
Número de páginas: 309
Ano de publicação: 1984
Editora: Companhia de Bolso

Estou há algum tempo em uma vibe de ler alguns clássicos - nacionais ou gringos -, já falei aqui no blog sobre O apanhador no campo de centeio  e achei bem marromeno. Também tentei ler O Grande Gastby, mas achei tão cansativo que não cheguei na metade, vou me contentar com ver o filme com o Leo mesmo.
Com A insustentável leveza do ser a história foi outra. Mesmo com um certo "medinho" do livro, desde a primeira página me empolguei com ele. A história se passa principalmente em Praga e narra a invasão russa do ponto de vista dos quatro personagens principais: Tereza, Tomás, Sabina e Franz. Eu ainda acrescentaria mais um personagem fundamental: a cadela Karenin 
Mas antes de tudo, acho que esse é um livro sobre o amor, mesmo que em muitos momentos fale de decepções amorosas. Além disso, Kundera usa os personagens para falar de questionamentos que temos em nossas vidas como decepção profissional, falta de confiança em si próprio, religião, sexo... e do meu ponto de vista, principalmente, sobre amor.
É um livro de filosofia e também uma narrativa - não é a toa que virou um filme. A história não é linear, o que ajuda o autor a colocar suas indagações, como em um momento em que explica como criou um dos personagens. Isso tudo sem perder o "fio da meada" da narrativa.
É um livro fácil e difícil de ler ao mesmo tempo. Com relação a narrativa, achei que é uma leitura fácil e fluída. Já quanto às temáticas, pode ser um livro complicado, não por trazer questionamentos muito complexos, mas por causar reflexões um tanto quanto incômodas. Pelo menos foi isso que eu senti em diversos momentos. 
Se foi um livro life changing eu não sei, só sei que já entrou para os melhores livros que já li na vida - que é bem eclética, tem Harry Potter, Dom Casmurro, Um dia... - por ser daqueles que ficou na minha cabeça, me fez refletir durante a leitura e por ter me deixado com vontade de ler novamente no futuro.
Em vários livros, eu tenho algumas passagens preferidas, nesse, diversas frases me marcaram ao longo da leitura, mas talvez uma seja mais emblemática:
"Seu drama não era de peso, mas de leveza. O que se abatera sobre ela não era um fardo, mas a insustentável leveza do ser.”

domingo, 22 de setembro de 2013

Rotina

Tem quem diga que a rotina mata, mas é impossível escapar dela (ou da morte). Marina sabia muito bem
disso, só não se resignava e nem deixava que essa fosse sua causa mortis.
Para piorar a rotina de Marina, o seu meio de transporte diário para o trabalho era o metrô. Para ela, sortudos eram os passageiros de ônibus que podiam aproveitar uma paisagem durante a viagem. Mesmo que fosse a da Avenida Brasil.
Numa tentativa de tornar a rotina mais agradável, Marina tinha o hábito de olhá-la como se, a cada esquina, fosse encontrar algo inédito. Como acontece quando estamos em uma cidade que não conhecemos e cada esquina, prédio ou pessoa é uma deliciosa novidade.
No metrô não era possível colocar esse hábito em prática, afinal, é difícil imaginar novidades no escuro dos túneis. Mas é sabedoria popular que há sempre uma luz no fim do túnel. No caso de Marina, a luz estava no alto da escada.
Todas as vezes que subia os degraus para deixar o fundo da Terra, ainda sem conseguir ver nada além do céu, ela imaginava (se enganando deliberadamente) o que veria ao chegar no último degrau. Qual seria a surpresa? Como seriam os prédios? Haveriam árvores? Pombos comendo pipocas jogadas por um velho solitário?
Só que Marina sempre encontrava a mesma cena rotineira, dia após dia. Mas isso não a entristecia por completo, essa autoenganação valia a pena. Aqueles poucos segundos de expectativa antes da triste decepção eram deliciosos. Uma espécie de vício alimentado todos os dias pela expectativa empolgante seguida dos resultado decepcionante, cotidianamente, como um fumante que sabe dos males do cigarro, mas ainda não é capaz de largá-lo. Ela era viciada nesse ciclo de expectativa e decepção constantes.
Mas um dia a decepção não veio. Distraída pela rotina, Marina desceu na estação errada e finalmente encontrou a tão esperada surpresa a esperando no último degrau. Só não se sabe se a novidade foi melhor que a rotina.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Eu vi - O renascimento do parto

Direção: Eduardo Chauvet
Gênero: Documentário
Ano: 2013
Duração: 90 min
País: Brasil

Fui assistir ao documentário depois de ouvir muitos comentários favoráveis ao filme vindos das mais diversas pessoas e sai do cinema com a mesma opinião sobre o filme: ele é ótimo!
Penso, porém, que há de se ter um cuidado, pois acho que o documentário tende a glamourizar demais o parto humanizado, especialmente por causa da edição de imagens que mostram lindas cenas de partos humanizados em casa, enquanto os partos no hospital parecem um verdadeiro filme de terror – daqueles bem sangrentos! Já os discursos são mais sensatos (com exceção do entrevistado que fala inglês com sotaque que dá algumas deliradas) e colocam que os partos no hospital não são esse horror todo em muitos casos.
Mas, glamours a parte, o filme faz mesmo pensar na questão de se colocar o parto como um procedimento médico. Realmente pode ser que seja, há casos em que a cirurgia e intervenção de um médico são a única saída para salvar a vida de mães e bebês. Só que isso devia ser e a exceção e não a regra como vem acontecendo no Brasil, onde mais da metade dos partos já acontece por meio de cesáreas.
O corpo feminino foi feito para ter filhos, então, ele assim os terá naturalmente, a não ser que algo dê errado. Acontecendo isso, o médico deve entrar em ação e ser o herói da história.
O documentário coloca em discussão uma grande questão: somos pacientes ou clientes dos médicos? Porque, pelo pelo grande números de cesáreas eletivas que acontecem no Brasil, parece que o bebê é um produto que é produzido a partir de um procedimento padrão e que deve durar um tempo necessário e acontecer no horário comercial, de segunda a sexta. Não entendo que razão leva uma pessoa a escolher ser obstetra se ela só quer trabalhar nos dias se semana e de 9 às 17. Se quer isso, vai ser funcionário público ou médico de outra especialidade. Acho que alguns profissionais estão precisando rever seus conceitos de ética e compromisso com a profissão escolhida.
Não quero parecer uma hippie roots alternativa prafrentex daquelas bem sem noção, mas, depois desse filme, eu decidi que se tiver um filho, quero que ter um parto natural e, se possível, em casa mesmo. É uma vibe Lagoa Azul demais?
Visitem o site do filme, é bem bacana e acaba com alguns mitos usados como desculpas para se fazer cesáreas.

Pra quem quiser, o trailer:


sábado, 27 de julho de 2013

Eu li - Garota exemplar

Nome original: Gone girl
Autora: Gillian Flynn
Número de páginas: 448
Editora: Intrínseca

Eu adoro um best seller! É só eu ir na livraria que já fico doida para ler uns 10 livros que estão na estante de mais vendidos. Até mesmo 50 tons de cinza eu quis (e tentei) ler. 
Quando vi Garota exemplar na livraria me interessei. Li a sinopse e achei que pudesse ser um daqueles livros que pode prender bastante a atenção. Nunca acho que um best seller vai ser algo que vai mudar a minha vida (apesar de já ter lido alguns especialmente bons e que me marcaram muito), acho que pode ser um ótimo entretenimento.
O livro conta a história do sumiço de Amy (a tal garota exemplar) de dois pontos de vista diferentes: o dela e de seu marido Nick. Ao longo do livro vamos descobrindo a personalidade dominadora de Amy e meio boboca de Nick e também da história do casamento deles, aparentemente normal. O casamento, aliás, é normal, vemos que tiveram bons momentos, mas que passava por uma má fase. O que descobrimos é que, na verdade, um dos dois é um tanto quanto estranho (sem falar quem é para evitar spoiler), o que leva a história ao seu desenrolar rocambolesco.
O livro tem uma frase marcante no verso "O casamento mata". Um clichê, ok, mas achei que ele pudesse tratar mais o tema. Não acho que ele traz algum tipo de conceito que faça as pessoas repensarem seu casamento ou sua vontade de casar.
Eu não tenho muita certeza da minha opinião quanto ao livro, mas acho que no fim das contas ele cumpriu o que eu tinha pensado dele, me divertiu e prendeu minha atenção. No começo ele é meio lento e um pouco maçante, mas depois a história vai engrenando e se tornando bastante rocambolesca. Por isso, talvez, não tenha gostado tanto do final, esperava algo que fosse mais a altura do desenrolar da história. Recomendo para quem quer uma boa opção de leitura de entretenimento. Mais um best seller que não me arrependi de comprar.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Eu vi - Antes da meia-noite

Nome original: Before midnight
Direção: Richard Linklater
Gênero: Drama/Romance
Ano: 2013
Duração: 108 min
País: EUA/Grécia

Antes da meia-noite encerra (?) a história de Jesse e Celine, que começou há quase 20 anos, na ficção e na vida real, dado que o primeiro filme é de 1995. 
Depois de se conhecerem em um trem em Antes do Amanhecer, Jesse (Ethan Hawke) e Celine (Julie Delpy) se reencontram em 2004 em Paris, em Antes do pôs-do-sol, e vivem tudo aquilo que não puderem nove anos antes.
Os dois filmes são totalmente baseados em diálogos (interessantíssimos, a meu ver) do casal. Em Antes da meia-noite não é diferente. A primeira cena que mostra o casal é em um carro e dura muitos minutos sem nenhum corte, um diálogo que realmente podia ter acontecido. A química dos atores ajuda nisso, eles são incrivelmente naturais juntos. Eu os vejo como um casal de verdade que está junto há muitos anos.
Nesse terceiro filme eles estão casados e são pais de duas filhas gêmeas. Jesse ainda tem um outro filho do seu primeiro casamento. A partir daí o filme segue um clichê: casais juntos há muito tempo precisam ter DRs. 
Apesar disso, o filme tem um ótimo ritmo. Até porque, em se tratando de Jesse e Celine mesmo as DRs são interessantes. Eles discutem tudo aquilo que muitos casais discutem. Pode ser clichê, mas é bem verdade que manter relacionamentos longos (e verdadeiros) sem discussões é ligeiramente impossível.
Os românticos  de plantão não precisam se preocupar: entre uma alfinetada e outra, o casal tem os seus momentos de puro romance. E, sendo DR ou não, os diálogos são sempre muito interessantes e bastante sarcásticos em alguns momentos. Mesmo sendo um filme recheado de longos diálogos muitas vezes existencialistas, ele passa longe de ser cansativo, muito pelo contrário, nem vi o tempo passar e fiquei com gostinho de quero mais quando os créditos apareceram.
Nem preciso dizer que amei esse terceiro filme da franquia Antes do. Já quero ver de novo! De preferência uma maratona da trilogia. #hajacafe

terça-feira, 25 de junho de 2013

Eu li - O apanhador no campo de centeio

Tô ficando moderna, mas ainda
amo os livros de papel. Especialmente
o cheiro!
Nome original: The Catcher in he Rye

Sempre quis ler esse clássico, mesmo sabendo muito pouco sobre seu enredo. Sabia apenas que era uma história sobre um adolescente.
Li e nem sei muito o que pensar do livro. Acho que foi um pouco decepcionante, mas talvez por ter lido em uma época errada. De repente, se tivesse lido na minha adolescência teria gostado mais.
Eu não desgostei do livro, mas também não gosteeeeei. Ele não me conquistou, mas também não quis largar antes do fim.
Quanto ao enredo: o livro conta um fim semana na vida de Holden Caulfield, um adolescente de 16 anos da década de 40. Holden acabou de ser expulso do colégio -daqueles bem tradicionais - e decide passar o fim de semana fazendo o que der na telha na cidade de Nova Iorque antes que seus pais fiquem sabendo da sua expulsão.
Holden vai a bares para beber e ouvir músicas, conversa com taxistas, sai com uma menina, fica se lembrando de outra, devaneia sobre seu futuro, encontra a irmã pequena e fala sobre um irmão já falecido, tudo isso com a maior naturalidade, o que talvez nos aproxime dele.
Apesar de ter achado o livro fraco, a certa altura você vê Holden não apenas como um adolescente problemático - e talvez até rebelde sem causa -, mas como uma pessoa com problemas e questionamentos que qualquer pessoa pode ter.
Mesmo que de maneira superficial, o livro é um pouco angustiante em alguns momentos. Temos simpatia e compaixão por Holden. Conseguimos compartilhar os sentimentos dele em alguns momentos. O que eu considero como o grande mérito do livro. Quem tem curiosidade para ler esse clássico, acho que vale a pena! A leitura é rápida e fácil.

Primeiro livro que leio no meu kindle! Adorei ler na tela do kindle é mesmo como uma folha de papel. A vista não cansa. Estou apaixonada pelo meu leitor digital, mas ainda digo que amo ler (e comprar) um livro de papel. Poucos cheiros são tão bons quanto o de um livro novo #alokadoscheiros Mas o kindle tem também uma grande vantagem: seu peso. Livros de muitas e muitas páginas pesam apenas alguns gramas na minha bolsa. A coluna agradece!

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Ensaio sobre a intolerância (e suas desculpas)

"Você tem que entender que eu sou de uma época que isso não era normal"
Todo mundo já deve ter ouvido alguém falar isso ou alguma coisa parecida para justificar o fato de não aceitar algo comum na sociedade atual, mas que não era há algum tempo. Mas será que esse tipo de argumento é válido?
Posso não querer colocar um
piercing ou fazer uma tatuagem, mas quero
continuar a jogar video-game
quando for velhinha. Mas prefiro um wii.
Eu não acho que a data do seu nascimento possa ser uma explicação plausível para a sua intolerância. Aliás, para mim, não existe nenhuma explicação para isso. Mas, penso eu, que a pessoa que diz uma coisa do tipo, não se acha intolerante. No mínimo, ela pensa que o fato de ser de outra época a deixa isenta da falta de tolerância.
Eu não consigo encontrar a ligação entre ser de outra época e não tolerar certas coisas de hoje. Será que essas pessoas que usam esse argumento para justificar não aceitar a homossexualidade, por exemplo, o usariam também para ser contra os avanços na medicina? Ou alguém já ouviu uma pessoa falar "Não vou tomar esse remédio ótimo para minhas dores nas costas porque na minha época não era assim"?
É claro que nem toda mudança da sociedade nós temos que aceitar. Podemos ser intolerantes em alguns aspectos, às vezes, até devemos. Só que não suportar o outro simplesmente porque ele é diferente de você e não é da sua época é um pouco demais para mim.
Mas o que me preocupa mais, antes eu mesma julgar quem usa esse argumento, é pensar se algum dia eu serei assim. Será que em algum momento da minha vida eu vou pensar que posso ser intolerante porque sou de outra época? Será que vou parar no tempo e não acompanhar as mudanças da nossa sociedade? Eu sinceramente espero que não.
Pode ser que não esteja nos meus planos ser uma vovó toda tatuada e com piercing nos mamilos. Mas que eu continue conseguindo acompanhar as mudanças e, principalmente, entendê-las e aceitá-las. Se for pra escolher, eu prefiro um piercing nas minha peitcholas caídas a não saber dialogar com meus netos.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Eu vi - Anna Karenina

Criando uma nova tag para dar um gás no blog (espero não virar aloka das tags). Eu vi vai servir para mostrar a minha humilde opinião sobre os filmes que vejo. Tenho visto poucos, mas sempre quero ver vários. Só preciso aprender a otimizar meu tempo livre para conseguir fazer tudo ou boa parte de tudo que quero fazer.
Sobre os posts que faço/farei sobre livros e filmes, vou evitar spoilers, mas quando achar que preciso fazer isso, vou avisar (em letras garrafais) antes para que ninguém leia alguma coisa comprometedora desavisadamente. 

Nome: Anna Karenina
Direção: Joe Wright
Gênero: Drama
Ano: 2012
Duração: 129 min
País: Reino Unido





Baseado no livro homônimo de Leon Tolstoi, o filme se passa na Rússia Czarista do século XIX e conta a história de Anna Karenina (vivida por Keira Knightley) uma mulher casada e que tem um filho com um rico funcionário do governo, Alexei Karenin (Jude Law). Até ai ela tinha uma vida aparentemente normal para uma mulher da época. Porém, ao fazer uma viagem para Moscou para encontrar uma cunhada, Anna conhece Conde Vronsky (interpretado por Aaron Johnson, de O Garoto de Liverpool) e passa a ser cortejada por ele. Anna evita o rapaz por um tempo, pois não gosta da ideia de trair o marido, mas logo cede a tentação e passa a ser sua mistress
Decidida a manter a sua relação com Vronsky, Anna tenta o divórcio. Mas Karenin, além de não concede-lo, ainda impede Anna de ver o próprio filho. A partir dai toda a mer** começa a acontecer. Mas não vou falar mais para não dar spoilers.
Achei um bom filme, o enredo é envolvente e interessante. A estética é bem bacana e diferente. Boa parte da história acontece em um antigo teatro e as transições entre as cenas, especialmente no começo do filme, são bem legais. Adorei as cenas que mostram as viagens de trem. Só não consigo me conformar com a Keira, acho ela uma pessoa bastante estranha, nem sorrir sem fazer careta ela consegue. Mas mesmo com uma cara feia aqui e outra acolá, ela tem uma atuação que não compromete o filme. Daria uma nota 8 pra ele.

*SPOILER*
No final do filme, um dos personagens fala que finalmente entendeu uma coisa. Eu não consegui sacar o que foi. #burra Alguém que viu o filme entendeu o entendido? 

quarta-feira, 29 de maio de 2013

A novela como forma de inclusão social (ou pelo menos à vida social)

Eu não bebo refrigerante, nunca bebi. Quando era criança era encarada como uma pequena extraterrestre  filha de um casal natureba que vive no meio do mato sem tecnologias. Por causa disso até sofri um pouco de bullying por não gostar de beber coca-cola ou guaraná (ó coitada...)
Não, meus pais não eram naturebas, muito pelo contrário. Eles mesmo tomavam bastante refrigerante e, em algumas vezes, até insistiam que eu provasse um pouquinho de coca. Mas eu simplesmente detestava (e ainda detesto) o sabor exageradamente doce e o gás. Eu consegui passar a infância sendo a única da turma/família/prédio/rua que não bebia esse maravilhoso líquido refrescante sem me transformar em uma vítima doida do bullying. Mas minha avó até hoje não aceita essa minha condição.
Mas superado esse problema, tenho que encarar outro: eu não vejo novela.
Eu podia não ver a novela, mas pelo menos
sabia quem era a Carminha e até passei a gostar da vilã
mais querida do século.
Até o lançamento de Avenida Brasil isso não era um grande problema para a minha pessoa, não via novela e continuava conseguindo ter assunto com meus amigos. Mas a novela da Carminha fez tanto, mas tanto sucesso que comecei a me sentir excluída por não assistir ao folhetim do horário nobre da Globo e ser capaz de comentar os acontecimentos do último capítulo. Não entendia algumas piadas e ficava com cara de paisagem quando começavam a falar do que a Nina tinha feito ou da nova revelação da Mãe Lucinda. Tentava em vão falar do novo episódio de Walking Dead ou então de como Homeland tava maneira, mas ninguém me dava atenção. Aliás, ainda era taxada de cult chata que prefere ver seriado a ver novela.
Mas, gemnt, nem sou pseudocultintelectual, não vejo novela porque não gosto e não por ideologia. Eu já gostei de assistir novela, mas a última que acompanhei de verdade foi Mulheres Apaixonadas e lá se vão 10 anos. Até tentei ver Avenida Brasil, mas assim que dava o intervalo, mudava de canal e acabava parando em algum canal de seriado.
Mas o ponto que queria chegar é que sou uma pessoa à margem da sociedade pelas minhas escolhas na vida. Tenho dificuldades de relacionamento por não dividir um copo de coca com os amigos e por não saber comentar o último capítulo da novela (e em muitos casos nem mesmo conhecer os personagens). Acho que essa sociedade devia mudar para aceitar pessoas que escolheram caminhos diferentes do da maioria.
Exagerada? Quase nada!

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Pelo bem de todos e felicidade geral da nação, digo ao povo que minto.


Se você quer ter uma vida social saudável, minta!
Não há relacionamento que se sustente sem mentiras. É comum ouvirmos por ai que os relacionamentos (especialmente amorosos) são baseados na confiança e na honestidade. Ok, concordo! Mas acho que não há como manter um relacionamento saudável sem uma mentira aqui e outra acolá! Só que veja bem, não estou falando de mentir compulsivamente, aquele tipo de mentira que é desonesta, que prejudica os outros e que uma hora é descoberta. Digo aquela mentirinha social, aquela que nos ajuda a evitar conflitos e que não causam mal nenhum.
Digo que eu minto, assim como bebo: socialmente! E assim com a bebida, acho que a “mentira social” nos ajuda a manter e até mesmo fazer novos relacionamentos – incluo aqui amorosos, de amizades e familiares. Não há amizade, namoro/casamento e família que se sustente baseada somente na honestidade 100%.
Imagine só se, no seu aniversário, depois de ganhar aquelas incríveis meias amareladas e cheirando a guardado você falasse pra sua tia véia: pô, tia, tinha presente mais escroto, não? Ia dar ruim.
Ou então se você, atrasada(o) fala pro seu amigo “Cara, me atrasei porque tava vendo CSI”, não é muito melhor falar “Em 10 minutos to ai”? Mesmo que você esteja a 40 minutos de distância (sem trânsito) do local de encontro. Quem nunca?
Pense também no seguinte caso: Seu namorado(a) fez uma comida, pensando que super tava agradando. Só que a comida ta péssima, praticamente intragável. Você vai falar a verdade e deixar seu amorzinho chateado? Não! Você pode fazer uso da “mentira social”. Se for bom de interpretação, come e fala que ta uma delícia. Já se você não tem uma veia de ator, fala que ta sem fome. Não é muito mais simpático?
Ou seja, a vida em sociedade depende de mentiras! Não tem quem não minta. Quem diz que não mente, já mente na própria frase. Mas vamos com parcimônia nesse papo de mentir.
Como já falei, a mentira deve ser como a bebida, ter um nível socialmente aceito. Quem atura um bebum compulsivo? O mesmo serve para um mentiroso exagerado. É feio ser mentiroso, tem mentiras que podem e vão fazer mal para sua vida (pessoal, amorosa, profissional, familiar...). E além do mais, um mentiroso desse tipo pode até ser taxado de ridículo. Quem nunca teve um amigo que contava que tinha um avião ou que tinha dado um toco naquele ator famoso?

quinta-feira, 23 de maio de 2013

O machismo das pequenas coisas

Ontem um post no blog Papo de Homem bombou no face. Eu curti, me identifiquei com muita coisa e compartilhei também. Depois disso fui indagada se era feminista. Parei pra pensar em uma coisa, acho que as pessoas não sabem bem o que é ser feminista. Ser feminista não é ir a praça pública queimar os sutiãs, nem deixar de se depilar, nem abolir a maquiagem das suas vidas, nem considerar escova progressiva proibido. Se isso fosse ser feminista, eu não seria (eu me depilo, gosto de pintar as unhas e usar maquiagem de vez em quando). Mas ser feminista não é isso, ser feminista é buscar a igualdade de direitos entre os gêneros, apenas isso. Lutar pelo direito das mulheres não serem espancadas, estupradas, mas também é lutar pelo direito da mulher não se depilar se não quiser, não pintar as unhas se não gostar, não fazer escova progressiva se preferir deixar os cabelos ao natural, sejam eles como forem, não ter que mudar de calçada para evitar cruzar com um grupo de homens entre outras coisas. O machismo não está só na violência explicita, está também nas pequenas coisas do nosso cotidiano.
É claro que não posso comparar o tipo de machismo que vejo na minha vida com aquele que algumas mulheres (especialmente no oriente) enfrentam. Eu não sou obrigada a usar uma burca e nem a casar com quem a minha família determina, não vou ser apedrejada em praça pública se meu marido assim decidir...
Mas isso não quer dizer que eu não passe por situações causadas pelo machismo e que me diminuem pelo simples fato de eu não ter tido o incrível privilégio de nascer com o maravilhoso, incrível e vitaminado órgão reprodutor masculino!

Eu fui uma criança que sempre gostei mais de brincadeiras "de menino". Eu até brincava de barbie, mas preferia brincar de carrinho ou jogar bola, por exemplo, mesmo que eu fosse uma negação dos esportes. Eu tive sorte de ter amigos que achavam isso normal. Mais sorte ainda de ter pais que também sempre respeitaram esse meu jeito. Meu pai, inclusive, adorava levar a pequena flamenguista dele para o Maracanã ver os jogos do Mengão. A primeira música que ele me ensinou foi uma música do Flamengo. Ele me ensinava a chutar a bola para ver se eu aprendia alguma coisa, não adiantou, mas valeu a tentativa!
Só que esse mesmo pai bacana que incentivava sua filha a ser como era tem os seus pequenos machismos enraizados. Em uma conversa com ele há algum tempo, tive que ouvir dele que essas cantadas na rua são uma “brincadeira saudável”. Não, pai, não são! Uma brincadeira para ser brincadeira e mais ainda para ser saudável tem que partir do princípio que as duas partes se divertem e ai, a partir do momento em que você não sabe como o outro lado vai aceitar e gostar da sua “brincadeira saudável” ela deixa de ser uma brincadeirinha para ser uma agressão. Acho que meu velho entendeu meu ponto.
Essa semana, passei em frente a um bar cheio de homens (claro, mulher no bar não é bonito, né, minha gente?) e tive que ouvir aqueles beijinhos estalados voando no ar. Tem gente que acha que é um elogio? Será? Eu me sinto bastante incomodada com esse tipo de coisa. Assim que vi aqueles homens lá, já sabia o que passaria e desejei ter trocado de calçada na rua ou estar acompanhada de um homem. Afinal, mulher acompanhada, em geral, ta protegida dessas coisas. Mulher sozinha é um bife, não é mesmo?
Vai ter gente que vai dizer que isso é frescura. Mas será? Claro que eu não apanhei, nem fui estuprada. Mas isso quer dizer que é ok me abordar dessa maneira? Não acho aceitável esse tipo de invasão. Invasão mesmo, porque me sinto invadida quando tenho que lidar com coisas desse tipo. Isso sem nem entrar no mérito de que tem gente que pensa quem tem mulher que pede isso (e também o estupro) por causa do jeito que se veste. Tipo de coisa que cansa a minha beleza e inteligência.
Outra coisa que me incomoda nesse machismo das pequenas coisas é quando falam “Poxa, mas hoje em dia os homens ajudam na casa”. Ajudam? Isso parte logo do princípio que a mulher tem que fazer mais e que a participação do homem se resume a uma ajudinha aqui e outra acolá. Do meu ponto de vista não deve rolar uma ajuda, mas uma cooperação em que ambos os lados têm o mesmo nível de responsabilidade na casa. Por que tem sempre que ser a mulher quem pensa o que está faltando na casa para fazer a lista de compras? Por que é a mulher que tem que ir lá e pedir a ajuda do homem? Por que não parte deles a iniciativa de lavar uma roupa ou varrer a casa? Cuidar dos afazeres domésticos não deve ser natural para eles como é para nós? No meu mundo utópico sim.
Acho que o machismo pode ser maléfico até mesmo para os próprios homens. Coitado de um cara que gosta de fazer a unha ou se preocupa com o shampoo que vai usar no cabelo. Vai ser logo taxado de bichona. E ainda tem isso, esse mundo machista acha que chamar de gay é ofensa.
Posso ter falado mais do mesmo aqui nesse post. Mas talvez esse tipo de coisa seja necessária. Pelo menos pra mim. Escrever me faz bem.
Eu ainda acredito em um mundo com igualdade de gêneros e mais feliz! Em uma sociedade em que as mulheres tenham os mesmo direitos que os homens. Desde salários iguais até o direito de conseguir andar na rua sem camisa sem ser estuprada, julgada ou comida com os olhos!
Pra finalizar a dica de um vídeo bacana colocando os homens no nosso lugar. É ou não é muito bacana ouvir esses elogios?


terça-feira, 21 de maio de 2013

Eu li - Morte Súbita

(Foto: Fernanda Turino)
Nome original: Casual Vacancy
Autora: J. K. Rowling
Número de páginas: 512
Editora: Nova Fronteira

Como boa fã de Harry Potter, eu não podia deixar de ler o novo livro de Joanne #intima. Mas aviso aos navegantes (aka leitores), diga adeus a qualquer lembrança que você tenha de Harry Potter antes de ler o livro. Obviamente que não esperava magia na história, mas nem personagens e nem elementos não me trouxeram a mínima lembrança da saga HP. Só que a comparação com os livros que a tornaram tão famosa é quase impossível de não ser feita. Pelo menos para mim.
Como o próprio nome diz, o livro tem como ponto de partida uma morte súbita. A de Barry Fairbrother, um membro de uma espécie de câmara municipal da pequena cidade de Pagford. Com o acontecimento inesperado, a cidade, aparentemente tranquila, se agita. A vaga aberta (a tal casual vacancy)  é o estopim para uma "guerra" na cidade para saber quem irá substituir Barry no conselho municipal. A cidade é dividida entre os que defendem a manutenção do pobre bairro de Fields como parte de Pagford e os que querem que ele seja limado do mapa da cidadezinha.
A partir dai vamos conhecendo os personagens que tornam a história tão interessante. Bem diferente do que acontece em Harry Potter, ninguém é completamente vilão ou mocinho. Talvez por isso nos sentimos tão próximos deles. Além disso, os habitantes de Pagford mostrados no livro são muito diferentes entre si e cada um tem sua própria história interessante. Histórias essas que vão se entrelaçando, afinal, como em toda boa cidade pequena, todo mundo se conhece.
Eu curti muito o livro, não tem reviravoltas incríveis como Harry Potter, nem os neologismos inevitáveis de uma história de bruxos, mas mesmo assim é surpreendente positivamente. É um livro sobre pessoas comuns, situações que podem acontecer em qualquer lugar. Talvez tenha sido justamente isso que me encantou. O que é engraçado, porque eu amo Harry Potter e suas impossibilidades na vida real.
Enfim, acho mesmo é que sou fã/pela-saco da J.K. Rowling! Continue escrevendo e nos surpreendendo, sua lyndah!

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Ensaio sobre o recalque

Pra variar um bocadinho, vou começar o post falando sobre como estou mantendo o blog! Estou mantendo!
Ê!
E para dar um gás, nada melhor do que criar mais uma nova tag! Uma tag que já tinha em um blog antigo e que é bem a minha cara: coisas que irritam. Garantia de postagens periódicas!
Enfim, a primeira coisa que irrita é criança prodígio. Ok, gente, é puro recalque de uma pessoa que teve uma infância pra lá de comum. Nunca me destaquei em nada, tinha/tenho uma leve inaptidão para os esportes, apesar de gostar de praticá-los (era sempre uma das últimas escolhidas na aula de educação física), não tinha talento para música (até hoje não descobri o que são esses tais de ritmo e afinação) e nem para as artes (meus desenhos de elefantes de costa e bonequinhos de palito enjoavam até mesmo a minha mãe). Eu tinha sim meus talentos, como beber água com a cabeça virada para baixo, arrotar no momento que eu quisesse, imitar o nariz do Michaell Jackson, ficar vesga de um olho só porém nada disso para ser capaz de me proporcionar um ouro olímpico ou o Emmy da música latina. Mas, invejas a parte, criança prodígio é mesmo uma coisa muito chata.
Não estou falando daquelas crianças geniais que concluem a faculdade, mestrado, doutorado, pós-doc, pós-pós-doc, etc com apenas 7 anos de idade. Essas serão úteis na vida. Dessas eu até tenho um pouco de pena de não terem tido a oportunidade de serem crianças de verdade por mais tempo, essas viraram mini-adultos meio que sem opção.
Estou falando daquelas que todo mundo acha lindo por que sabem se comportar como um adulto em miniatura, que sabe falar em público e que cativa todo mundo (aka Maisa). Olha o recalque de uma criança desajeitada e sem talentos ai de novo!  Eu não aguento essas crianças desenvoltas. Quero logo sair de perto, pra evitar de meter a mão na cara. Pra que isso, minha gente? Vai ser criança! Vai ser lerdo! Vai fazer coisas nojentas! Vai tirar meleca e comer! Vai quebrar um dente! Sei lá! Vai ser criança normal!
Acho desnecessário esse tipo de comportamento. Nada contra gente que brilha, mas precisa fazer isso sendo um monstrinho?
Vou parando meu recalque por aqui, porque, na verdade mesmo, eu queria que meus talentos fossem valorizados! Isso é tudo culpa dessa mídia manipuladora e que conspira contra os bons! Afinal, quem não acha maneiro uma pessoa que é capaz de dobrar a língua (e mantê-la dobrada)? Tá vendo, só? Eu devia ser uma das únicas pessoas que quando a mãe falava: dobra essa língua, dobrava mesmo!
Mas ainda há esperanças para que meu recalque tenha fim. Quem sabe Dels não me dá um filho(a) talentoso que decore todas as capitais do mundo? Ou, então, que saiba de cor o número pi até o milionésimo algarismo? É ver pra crer!

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Eu li - O Diário de Anne Frank

Cumprindo (pelo menos por enquanto) a promessa de manter o blog, escrevo mais uma postagem e, ao mesmo tempo, crio uma tag "Eu li". Nada mais justo para uma pessoa que adora ler. E eu amo ler, sempre estou com um livro na bolsa e as vezes outro na mesinha de cabeceira. Quando o livro é muito pesado ele é banido da minha bolsa, mas não da minha mesinha de cabeceira (minha coluna agradece!), assim, por muitas vezes, estou lendo dois livros ao mesmo tempo.
Nessa tag pretendo colocar livros que li e que considero dignos de minha atenção. A ideia é fazer um pequeno resumo com um pouco da minha humilde opinião sobre a leitura.
Pra começar: O Diário de Anne Frank

Ignorem o estado pouco conservado
do meu livro. É que ele andou muito
na bolsa. (Foto: Fernanda
Turino)
Nome original: em holandês, a língua do diário original: Het Achterhuis - Dagboekbrieven 14 juni 1942 - 1 augustus 1944.
Páginas: 237 
Editora: Best Bolso

Acredito que há poucas pessoas que não tenham lido esse livro (menos ainda que não o conheçam). Eu mesma já tinha lido na oitava série, mas resolvi que valia a pena ler de novo.
Realmente valeu. É aquele velho papo, estou com outra cabeça hoje em dia e outra visão de mundo. Acho que dessa vez o livro mexeu um pouco mais comigo. Talvez o fato de eu ter ido no Casa de Anne Frank e visto como ela realmente viveu tenha deixado a experiência mais viva. 
O anexo secreto, hoje em dia, não tem mais quase nada dos móveis e
Estátua em homenagem a
Anne Frank em Amsterdam,
em frente à casa em que ela
viveu escondida. (Foto: Fernanda
Turino)
utensílios eles usavam durante os mais de dois anos que viveram por lá. Mas isso não tira a atmosfera do local, era um lugar apertado e escuro, não vou dizer que eram condições sub-humanas, porque não eram, mas digo que a experiência de viver ali por tanto tempo, deve ter sido extremamente agoniante.
Mas voltando ao livro. O diário de Anne que começa no dia 12 de junho de 1942 e tem a última mensagem no dia 1 de agosto de 1944 (eles foram descobertos e presos apenas 3 dias depois, em 4 de agosto de 1944). Nele, ela relata o cotidiano de 8 judeus vivendo no anexo secreto, eram eles seus pais Otto e Edith Frank e sua irmã Margot, os primeiros a chegar no local. Dias depois chegaram os Van Pels, retratados no diário como Van Daans, eram eles o casal Petronella e Hans (nomes verdadeiros Auguste e Hermann) e o filho Peter. Alguns meses mais tarde junta-se a eles o dentista Albert Dussel (de nome real Fritz Pfeiffer).
Apesar de ter uma atitude positiva na maioria das suas cartas para "Kitty", como chamava seu o diário, Anne consegue passar uma ideia bastante realista do que era estar vivendo privada de liberdade. Viver no anexo secreto não era bom, mas também não era péssimo. O tempo todo ela lembra que era melhor estar ali do que nos campos de concentração. Ela se descreve em muitas passagens como uma grande injustiçada e que ninguém no anexo a compreendia. Por vezes, eu via isso apenas como uma crise de rebeldia de uma adolescente, mas também tentava entender como deve ter sido passar os confusos anos da adolescência presa e durante a guerra.
Anne escrevia muito bem, lembro que quando li o livro pela primeira vez, com 14 anos, idade de Anne no início do diário, achava pouco provável que uma adolescente escrevesse daquela forma. Então, não é difícil nos colocarmos no lugar dela e tentar imaginar o que era viver escondida e constantemente com medo. Do meu ponto de vista, devia ser aterrorizante, especialmente pelo fato de que podiam ser descobertos e levados aos campos de trabalho forçado.
A leitura nos vai mostrando uma Anne cada vez mais diferente e, talvez, madura, mas que ao mesmo tempo não consegue se entender com a mãe. É comovente ver sua necessidade de ter um amigo que a compreendesse o que ela encontra em Peter.
O diário de Anne não tem um fim. Mas sabemos como termina essa história. Todos são capturados (até hoje não se sabe quem os entregou) e enviados a campos de trabalho forçados. O único sobrevivente dos oito foi Otto Frank que, ao voltar a Amsterdam, encontra Miep (uma das pessoas que os ajudaram quando estavam escondidos) que havia guardado o diário. Anos mais tarde ele decide publicar os escritos de sua filha. As primeiras edições não mostravam tudo que Anne havia escrito no diário, o pai escolheu suprimir algumas partes por considerar inadequadas (problemas com a mãe e a descoberta da sexualidade de Anne). A versão que li é a completa que Otto acabou decidindo por publicar. É uma leitura que, sem dúvida, indico. Sem contar que a versão da Best Bolso é bem barata,s e não me engano paguei 15 reais. 

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Sobre como escolher o nome de um blog

Mais uma vez começo um blog e prometo para mim mesma mantê-lo. Afinal, que tipo de jornalista não tem um blog??
Pensei em retomar um antigo, mas desisti. Se é para recomeçar que seja com "tudo novo de novo".
Foi ai que um grandessíssimo problema surgiu: que nome usar? Tenho que escolher certo, afinal, vou fazer sucesso com ele, lançar um livro e depois um filme... Bruna Surfistinha feelings.
Fiz uma lista mental com todas as possibilidades, a maioria tendendo perigosamente para a breguice (é, eu sei, no fundo, não tão lá no fundo, eu devo ser uma pessoa brega) e ai cheguei no nome vencedor.
E explico a razão dele ter ganhado de outros tão bons como Nanda's Mind; O fantástico mundo da Fê; Nanda, a pensadora; Brilho eterno da mente da Fernanda... Ele, além de descrever uma das minhas características mais marcantes (para ter uma leve noção do que sou eu andando de salto, imagine um pato manco tentando andar na lama escorregadia depois de algumas doses de tequila, é por aí), ainda remete a um blog de moda! E o que está mais na moda que um blog de moda? Só mesmo usar o esmalte diferente em uma das unhas ou aquelas calças no melhor estilo Beetlejuice.
Viu, até já estou falando de moda por aqui, já posso falar que é um blog especializado em moda, né não?
Mas, então, galhere, esse não será um blog de moda. Até por que, em que mundo uma pessoa que não sabe andar de salto é capaz de falar sobre moda? 
A verdade é que acho que como um bom blog pessoal, vou falar do que considerar pertinente e que penso que pode despertar o interesse dos meus 14 leitores. Quem sabe eu não fale de moda ou lance uma foto do look do dia? Acho que eu tenho todo um know-how pra isso. #soquenao
Enfim, é um blog para eu poder escrever (algo que tanto gosto) e pra alguém, quem sabe, ler.
Vamos ver se consigo manter um blog ou se isso vai virar só mais uma "promessa de ano novo". Espero que não.
E vocês, meus 14 leitores, continuem comigo!