quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Eu vi - O renascimento do parto

Direção: Eduardo Chauvet
Gênero: Documentário
Ano: 2013
Duração: 90 min
País: Brasil

Fui assistir ao documentário depois de ouvir muitos comentários favoráveis ao filme vindos das mais diversas pessoas e sai do cinema com a mesma opinião sobre o filme: ele é ótimo!
Penso, porém, que há de se ter um cuidado, pois acho que o documentário tende a glamourizar demais o parto humanizado, especialmente por causa da edição de imagens que mostram lindas cenas de partos humanizados em casa, enquanto os partos no hospital parecem um verdadeiro filme de terror – daqueles bem sangrentos! Já os discursos são mais sensatos (com exceção do entrevistado que fala inglês com sotaque que dá algumas deliradas) e colocam que os partos no hospital não são esse horror todo em muitos casos.
Mas, glamours a parte, o filme faz mesmo pensar na questão de se colocar o parto como um procedimento médico. Realmente pode ser que seja, há casos em que a cirurgia e intervenção de um médico são a única saída para salvar a vida de mães e bebês. Só que isso devia ser e a exceção e não a regra como vem acontecendo no Brasil, onde mais da metade dos partos já acontece por meio de cesáreas.
O corpo feminino foi feito para ter filhos, então, ele assim os terá naturalmente, a não ser que algo dê errado. Acontecendo isso, o médico deve entrar em ação e ser o herói da história.
O documentário coloca em discussão uma grande questão: somos pacientes ou clientes dos médicos? Porque, pelo pelo grande números de cesáreas eletivas que acontecem no Brasil, parece que o bebê é um produto que é produzido a partir de um procedimento padrão e que deve durar um tempo necessário e acontecer no horário comercial, de segunda a sexta. Não entendo que razão leva uma pessoa a escolher ser obstetra se ela só quer trabalhar nos dias se semana e de 9 às 17. Se quer isso, vai ser funcionário público ou médico de outra especialidade. Acho que alguns profissionais estão precisando rever seus conceitos de ética e compromisso com a profissão escolhida.
Não quero parecer uma hippie roots alternativa prafrentex daquelas bem sem noção, mas, depois desse filme, eu decidi que se tiver um filho, quero que ter um parto natural e, se possível, em casa mesmo. É uma vibe Lagoa Azul demais?
Visitem o site do filme, é bem bacana e acaba com alguns mitos usados como desculpas para se fazer cesáreas.

Pra quem quiser, o trailer:


2 comentários:

  1. Eu sempre disse que teria parto normal se um dia engravidar. Mas daí a ter em casa acho um pulo grande, nada contra quem tem, mas eu não teria coragem. Dá pra ter um parto humanizado no hospital, numa sala especial e sem assistência médica, a não ser em caso de emergência.
    Ainda bem que fora do Brasil essa mania de cesárea como regra não existe. Irônico, já que o Brasil como pais de 3o. mundo adota um procedimento que os países de 1o. mundo nunca adotaram.

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    1. É, Denise, apesar da vontade de ter em casa, penso que o mais sensato mesmo é ter numa sala de parto humanizado em um hospital por ser mais seguro mesmo caso aconteça algo e também por ter mais estrutura até mesmo para um parto humanizado.
      Tem mais espaço para andar, mais opções de conforto, como coisas penduradas do teto para se segurar e tentar aliviar a dor...
      A certeza que tenho mesmo é que gostaria de trazer meu filho ao mundo da maneira mais natural possível, mas sem radicalismos também.
      Acho que o Brasil adotar em demasia esse procedimento considerado de primeiro mundo é um sinal, na verdade, da falta de caráter de muitos brasileiros metidos a espertos. Nesse caso, os obstetras sem saco para ter que acordar de madrugada ou ficar horas com uma mulher em trabalho de parto. Realmente deve ser chato esse tipo de coisa, mas ninguém é obrigado a escolher medicina e muito menos a especialidade.

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